Aprendi a ler já na Pré-escola. Ao ler o depoimento de Danuza Leão, lembrei-me de quando iniciei meu contato com a leitura. Não tinha acesso aos livros por questões financeiras e a biblioteca era distante de minha casa. Sempre ganhava gibis de uma tia que, para não jogá-lo fora, repassava para mim. Tinha um grande desejo de chegar logo à 5ª série para ler livros e fazer prova, assim como meu irmão mais velho. A decepção foi grande. Lia os livros sem nenhum prazer para cumprir a responsabilidade de realizar a prova. O primeiro livro que li foi “A montanha encantada”, de Maria José Dupré. Após a prova, li novamente, mas agora com prazer. Minha escola não possuía biblioteca ou sala de leitura, o que dificultava muito o acesso aos poucos livros que existiam guardados em caixas num depósito.
A escrita veio com muita
facilidade. Não costumava obedecer as ordens da professora. Avançava na
cartilha “Caminho suave”, apesar de não ter autorização para isso (rsss). Era
comum a professora dizer que não podia escrever palavras com determinada letra,
pois não tínhamos estudado aquela lição. Sempre gostei de escrever.
Diferentemente de Gabriel, o pensador, gostava de produzir textos com temas
livres ou a partir de imagens (cartaz) escolhida pela professora. Meus textos
eram selecionados pela professora para leitura na sala de aula.
Gosto da ideia de humanização
pela leitura de Antonio Cândido. Acredito que a leitura pode amenizar muitos
conflitos.
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Por Cristiano
Que tristeza a minha ao ler os depoimentos dos colegas. Fico
imaginando como minha vida poderia ter sido diferente se tivesse passado por
metade das experiências de todos vocês, quando tiveram seus entes queridos por
perto, lendo, encantando, incentivando...
Com apenas um mês de idade fui levado a morar com meus avós
(ela, anafalbeta e ele, lia o essencial para poder se virar e não ser passado
para trás) em uma família de oito filhos. Morávamos em um bairro afastado, de
uma cidade pequena do interior. Sempre tivemos o que comer, sem regalias, e o
acontecimento do mês era irmos até o armazém da cidade “fazer compras”, que
eram carregadas em sacos de estopa até nossa casa, de madeira mas bem cuidada.
Como em todo família “antiga”, educação vinha em primeiro
lugar. Mas não falo de escolar, mas do respeito, principalmente para com os
mais velhos. Assim, somente tínhamos contato com estranhos se acaso um dos dois
nos chamasse até a sala para, no máximo, dar oi e voltar correndo para o
quarto, de onde saíamos somente depois da visita ter ido embora. Não reclamo
disso tudo. Pelo contrário, sou muito grato, pois aprendi o valor de muitas
coisas que, infelizmente, hoje em dia, não existem mais.
Muitos podem estar pensando que sou mais antigo até que o “seu”
Flávio e a “dona” Rita. Não! Tenho 40 anos e tudo isso ocorreu em plena década
de 80. Apenas lá pelos idos dos anos 90 é que tivemos nossa primeira TV em cãs,
porque comecei a trabalhar e pude dar esse “conforto” aos meus avós.
Assim como toda criança, li alguns livros da coleção
vaga-lume na escola, mas sempre carregados da imposição de se “fazer um resumo”
ou “vai cair na prova” e coisas assim, sem falar do acervo que era limitado. Isso
tudo não desenvolveu em mim gosto pela leitura e tão pouco favoreceu minha
escolha profissional.
Hoje, sou formado em Letras (mais por conta do inglês do que
do português), aliás, pude fazer faculdade apenas com 33 anos, continuo um
pouco tímido (herança de minha infância) e confesso, a sala de aula me ajudou a
superar muitas de minhas dificuldades, mas algumas ainda insistem em me
perseguir. Talvez por isso gosto de trabalhar com máquinas (na área de
tecnologia da informação).
Atualmente, leio mais que antes e menos do que
gostaria e o que fica de positivo em tudo isso é que, vendo o relato apaixonado
de vocês, sinto que poderei fazer a diferença para meu filho, que já demonstra
certo gosto pela leitura com 7 anos de idade. Vou tentar ser o pai que vocês
tiveram.
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Por Clô
Engraçado como essa história de depoimento mexe com lembranças que há muito havíamos esquecido, mas foi só alguém postar alguma coisa que disparasse o gatilho da memória que lá estavam todas elas parecidas recém tiradas de um jardim da saudade, bom, eu pelo menos falo assim, pois minhas lembranças dos primeiros contatos com leitura e escrita foram maravilhosas e cheias de amor. Minha mãe lia todas as noites para eu dormir, na esperança de que um dia eu gostasse de ler e deu certo! Funcionou também com os meus outros dois irmãos. Já com o neto... a história é outra, mas fica para outro depoimento, pois esse aqui é meu. Alguém falou dos disquinhos coloridos da coleção de mesmo nome e logo saltitaram da minha mente aqueles disquinhos vermelhos, verde e amarelos com as mais belas histórias... Eu amava o macaco Simão que deixava a velhinha sem nenhuma banana, para falar a verdade, acho que amei foi a velha que elaborou um plano cruel para se vingar do tal macaco Simão, mas que acabou tão enredada quanto ele. Entre macacos, velhas, discos e gibis o que mais me toca em relação a leitura eram as lições que meu pai me dava através de parábolas para não ter que me bater... Ah, saudoso pai! Não podia imaginar que ao tentar me poupar de boas surras estava dando vida à uma contadora de histórias...Sou capaz de ficar horas contando histórias se eu tiver quem me ouça, e , caso não tenha platéia, reconto histórias para mim mesma, a fim de que eu viva para sempre, assim como meu pai vive em mim. Ler para viver!
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O primeiro livro que ganhei foi “O mágico de Oz”, assim que entrei na
escola, no primeiro ano. Meu pai me deu de presente. Devorei-o, pois já sabia
ler, eu queria ser Dorothy, ter um cachorro como Totó, vivia batendo meus
sapatos de ir à igreja aos domingos para ver se me transportava para Oz ou ao
Kansas. E isso acontecia sempre na minha imaginação.
Já na escola, minha primeira leitura obrigatória foi “Cazuza”, de
Viriato Correia, no 3º ano do antigo Primário. Acho que teve uma prova depois
da leitura, mas não houve problemas, nem me lembro dela, mas a história, que eu
lia e recontava para minha mãe, foi mágica, as situações me pareciam tão
próximas, ainda me lembro de um velório contado na história em que o defunto se
levanta e todos desaparecem, um dos personagens escalou uma paineira (claro que
procurei identificar todas as paineiras das ruas por onde passava). O tal
defunto tinha tido um ataque de catalepsia (fui procurar o que era no
dicionário e minha mãe me ajudou a entender o conceito), lembrei dessa passagem
muitos anos depois ao assistir a um filme de 007 em que esse herói passa por
algo semelhante.
Enfim, a riqueza de oportunidades
que a leitura nos proporciona é primordial para a formação do ser humano.




Olá integrantes do blog Ler para viver. Parabéns pela construção do blog!
ResponderExcluirO depoimento de vocês foi muito significativo para mim. Obrigada,
ResponderExcluirCLÔ
Parabéns pelos depoimentos Márcia .beijos
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